
enquanto espero por uma actividade que ainda tenho de fazer, penso no que de mais importante aconteceu. não consigo evitar pensar em Londres. nas pessoas que não conheço, mas a quem gostaria de, alguma forma poder ajudar, confortar... sei que neste momento deve haver pessoas ainda aflitas porque o seu irmão, marido, tia, sobrinha, afilhada ou outra coisa qualquer saiu por aquela porta e, desde ontem, ainda não voltou a entrar; outras pessoas ainda choram apesar da garganta e dos olhos secos, do vazio de uma vida até aqui, pelo menos, mais cheia; outras pessoas sofrem o reviver do pânico, dos estrondos, dos estilhaços que não deixam dormir nem estar completamente acordadas... tenho vontade de ajudar. que mais não seja, aqui fica, neste espaço perdido da internet - que ninguém lê ou vai ler -, a minha homenagem, a minha solidariedade. é um pouco da minha humanidade.
não queria perder a oportunidade de reafirmá-la neste mundo cada vez mais de papelão ou falso, onde nada parece nem é. as notícias atrozes são, noutros locais, neste preciso momento, negócio, lucro para alguns, motivo de orgulho para outros, oportunidades que não se devem desperdiçar... deviamos, todos, parar!!! parar mesmo e chorar os mortos, confortar os feridos, pensar ou reflectir no que aconteceu e nos trouxe até aqui. mas parar é um luxo a que não nos podemos dar, decerto, até neste local e neste preciso momento. valer a pena o caminho que estamos a seguir é uma dúvida que me assola neste preciso momento, pois aquilo que nos assola é simplesmente ignorado ou rapidamente esquecido neste nosso mundo de cetim envelhecido e pequenino em que nos fechamos sempre que abrimos os olhos para um novo dia.
tenho ainda algo mais para fazer antes que termine o dia, vou ter de me concentrar nisso...
desculpem todos os que sofrem ou morreram. também sou pequenino...